quinta-feira, 3 de maio de 2012

IDENTIDADES NACIONAIS, RELIGIOSAS, CULTURAIS E MÚLTIPLAS


A questão das identidades – nacionais, culturais, religiosas, étnicas, linguísticas, baseadas no gênero ou em formas de consumo – adquire cada vez mais importância para as pessoas e grupos que encaram a globalização e a mudança cultural como ameaça às suas crenças e modos de vida. As crescentes tensões que suscita o tema da identidade e amiúde, resultam da aculturação de reivindicações políticas, contrapõem-se a uma tendência mais geral face ao aparecimento de identidades dinâmicas e multifacetadas.

O ativismo político que por vezes acompanha a identidade religiosa é possivelmenteum forte indicador de identidade e diferença cultural. Nesse contexto, não é de negligenciar o risco de que as crenças religiosas possam ser instrumentalizadas a fim de promoverem programas políticos e de índole conexa, o que pode precipitar conflitos entre religiões e provocar dissensões no seio das sociedades. Deve assinalar-se a tendência de equiparar a diversidade cultural com a diversidade de culturas nacionais. Ora, em certa medida, a identidade nacional é uma construção alicerçada num passado em movimento, mas que proporcionou um ponto de referência no sentimento de partilha de valores comuns. A identidade cultural é um processo mais fluido que se transforma por si mesmo e deve ser considerado não tanto como herança do passado, mas como projeto de futuro. Num mundo cada vez mais globalizado, as identidades culturais provêm frequentemente de múltiplas fontes; a plasticidade crescente das identidades culturais é um reflexo da complexidade crescente da circulação mundializada de pessoas, bens e informação. Num contexto multicultural, há quem tenha decidido adotar uma determinada forma de identidade, enquanto outros optaram por uma dualidade, e outros mais escolheram criar identidades híbridas para si próprios. Muitos escritores contemporâneos foram atraídos pelo tema dos migrantes que se defrontam perante um novo ambiente e que se vêm obrigados a construir novas identidades culturais. O desaparecimento das fronteiras marcado pela globalização proporcionou dessa forma o aparecimento de um espírito nômade que pode ser visto como o novo horizonte da experiência cultural contemporânea.

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