A questão das
identidades – nacionais, culturais, religiosas, étnicas, linguísticas,
baseadas no gênero ou em formas de consumo – adquire cada vez mais
importância para as pessoas e grupos que encaram a globalização e a
mudança cultural como ameaça às suas crenças e modos de vida. As
crescentes tensões que suscita o tema da identidade e amiúde, resultam
da aculturação de reivindicações políticas, contrapõem-se a uma
tendência mais geral face ao aparecimento de identidades dinâmicas e
multifacetadas.
O ativismo político que por vezes acompanha a identidade
religiosa é possivelmenteum forte indicador de identidade e diferença
cultural. Nesse contexto, não é de negligenciar o risco de que as
crenças religiosas possam ser instrumentalizadas a fim de promoverem
programas políticos e de índole conexa, o que pode precipitar conflitos
entre religiões e provocar dissensões no seio das sociedades. Deve
assinalar-se a tendência de equiparar a diversidade cultural com a
diversidade de culturas nacionais. Ora, em certa medida, a identidade
nacional é uma construção alicerçada num passado em movimento, mas que
proporcionou um ponto de referência no sentimento de partilha de valores
comuns. A identidade cultural é um processo mais fluido que se
transforma por si mesmo e deve ser considerado não tanto como herança do
passado, mas como projeto de futuro. Num mundo cada vez mais
globalizado, as identidades culturais provêm frequentemente de múltiplas
fontes; a plasticidade crescente das identidades culturais é um reflexo
da complexidade crescente da circulação mundializada de pessoas, bens e
informação. Num contexto multicultural, há quem tenha decidido adotar
uma determinada forma de identidade, enquanto outros optaram por uma
dualidade, e outros mais escolheram criar identidades híbridas para si
próprios. Muitos escritores contemporâneos foram atraídos pelo tema dos
migrantes que se defrontam perante um novo ambiente e que se vêm
obrigados a construir novas identidades culturais. O desaparecimento das
fronteiras marcado pela globalização proporcionou dessa forma o
aparecimento de um espírito nômade que pode ser visto como o novo
horizonte da experiência cultural contemporânea.
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